sexta-feira, 10 de abril de 2015

ERNESTO RODRIGUES - REDUX MAXIMUS


photo: Ernesto Rodrigues, Nuno Torres & Guilherme Rodrigues

Ouvir os últimos registos do improvisador português que mais discos tem editados é observar a presente evolução da tendência de que é o principal representante neste país: o reducionismo. Em análise 14 títulos que revelam as novas características desta corrente e o papel que nelas está a ter o violetista de Lisboa.
Ernesto Rodrigues é o músico improvisador português que tem mais discos editados. A circunstância de ser o responsável de uma etiqueta, a Creative Sources, não é estranha a esse facto, como se torna evidente, mas a verdade é que a sua capacidade de produção parece inesgotável. E sendo ele o protagonista de uma das frentes da corrente reducionista, colocando Lisboa a par de Londres, Paris, Berlim, Tóquio e Beirute, as mais importantes, a quantidade e as características dos títulos que vai publicando permitem que fiquemos com uma perspectiva da própria evolução da tendência estética que, na improvisação, trocou o fraseado pelas texturas e as progressões harmónicas ou os modalismos por um foco no timbre sem tom definido.
Os registos aqui analisados são os seus mais recentes e demonstram bem que o igualmente chamado “near silence” está a sofrer transformações que não há muito julgaríamos improváveis. Uma, e talvez a que tem mais impacto, é a colocação de uma perspectiva de espaço em primeiro plano. Espaço preenchível em termos sonoros e projecção desses sons, espacialização, no local das performances, com a arquitectura, o meio, a definir o que se toca. Outra mudança detectável na música de Rodrigues em diversas formações é a repetição de elementos sónicos e, inclusive, sua articulação até formar uma sentença, algo que se considerava um tabu.
Reposto está igualmente o factor de dramatização com que se tinha cortado para contrariar os excessos expressionistas da “old school”: estão aí novamente as lógicas ascensionais, de clímax e de criação de atmosferas e estados de espírito. O que implica que voltou, também, o sentido de narrativa, por menos linear que esta seja. O reducionismo de Ernesto Rodrigues e dos seus parceiros aumentou de tamanho: é mais activo, mais atarefado. Mesmo que o volume se mantenha baixo, há muitas coisas a acontecer. Mas os próprios decibéis subiram – por vezes, estes desenvolvimentos da escola reducionista parecem encontrar-se com a noise music.
É hoje maior a distância destes álbuns relativamente aos fundamentos originais da “nova música improvisada”, aqueles provenientes do indeterminismo de John Cage e, sobretudo, Christian Wolff, do colectivo de compositores Wandelweiser, do onkyo japonês e da tendência lowercase da música por computador. Neles há um mais solto trabalho de dinâmicas e até é possível encontrar, entre as gerais abstracções, assumidos e convencionais tonalismos.

Não é Ernesto Rodrigues e o reducionismo que se estão a moderar ou a ceder aos usos instalados. Esta continua a ser uma das poucas áreas que mais inovações técnicas e de vocabulário têm trazido à música. Simplesmente, a prática reducionista libertou-se – sinal de maturidade – do peso que alguma inclinação dogmática nela estava a ter. Havia demasiadas proibições para que este tipo de improvisação fosse realmente espontâneo. Rui Eduardo Paes (Jazz.pt)

quarta-feira, 1 de abril de 2015

TODD McCOMB'S JAZZ THOUGHTS



photo: Ernesto Rodrigues, Carlos Santos, Nuno Torres & Guilherme Rodrigues

Although I described Sediment as "capping" 2014, and indeed it's the latest release I've added to my favorites for last year, there's still at least one more 2014 album to discuss in this space: Primary Envelopment by Wade Matthews & label curator Ernesto Rodrigues on Creative Sources, with Javier Pedreira & Nuno Torres. I didn't hear Primary Envelopment until recently, because I was waiting for the Creative Sources releases to come to USA, but that hasn't happened since the first half of last year — I don't know why. In any case, while having USA distribution is more convenient, between the vagaries of international shipping, and places like Squidco including things like recording dates & sound samples online, the recordings are & have been available straight from the label in Portugal, which is where I turned. I'm dwelling on this aspect a bit, because I'm concerned about people being able to hear the many interesting releases that Ernesto Rodrigues produces. Creative Sources has over 300 titles now (and I'll have to make another order for some of the latest), including many unique offerings. Indeed, I keep learning that a musician whom I "discover" only recently via other channels had a release on Creative Sources years ago. So that's impressive, and Rodrigues obviously has a great ear: The label has a reputation for a lot of similar releases, and Rodrigues's own blog does mention "refinement & restraint" and a focus on texture, but these qualities can make for vastly different results. The label also has quality design & packaging, even if their online information seems a little sparse (like the music?) at times. Todd McComb (medieval.org)